Atuação da Fonoaudiologia na Doença de Parkinson
A Fonoaudiologia integra a equipe multidisciplinar que atua no atendimento dos portadores da Doença de Parkinson, no que se refere aos distúrbios da comunicação e na capacidade para alimentação, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida.
Atuação da Fonoaudiologia em nível de prevenção, orientação e reabilitação.
Favorece a identificação das dificuldades dos portadores relacionadas à comunicação e à alimentação, contribuindo para a melhora da comunicação oral - expressão facial, articulação, entonação, qualidade e intensidade vocais, conscientização dos cuidados com a alimentação e realização de encaminhamentos para terapia individual, quando necessário.
As alterações motoras da DP afetam a fala, a voz e a deglutição.
- Importante o trabalho de prevenção.
O quanto antes puder ser tratado melhor e mais duradouros são os resultados.
- Trabalho em grupo – informação
- Trabalho individual – terapêutico
- A doença desenvolve-se diferente em cada indivíduo, o aparecimento dos sintomas também.
- Por isso a importância da divulgação do trabalho multidisciplinar.
- Portadores e familiares podem tomar conhecimento previamente e tomarem os cuidados necessários, exercitarem a musculatura, minimizando os efeitos da doença e melhorando a qualidade de vida.
As alterações motoras causadas pela Doença de Parkinson (tremor, rigidez e bradicinesia) podem levar a prejuízos na comunicação e na alimentação. A Fonoaudiologia atua nessas áreas.
O portador apresenta dificuldade na coordenação pneumo-fono-articulatória, ou seja, inspiração – produção da voz – fala, causando cansaço e falta de ar para falar, além de diminuição da intensidade vocal e alteração da qualidade vocal (voz áspera, rouca, soprosa e trêmula).
A fala (disartria hipocinética / difere de dispraxia, onde não há problema de ordem muscular, dificuldade de seqüência de movimentos musculares necessários para a fala, afetando a articulação dos sons e a prosódia. Há substituições, omissões e distorções) é pouco articulada (movimentos limitados devido à rigidez), apresenta-se monótona, imprecisa, rápida e disfluente, devido à falta de coordenação e redução dos movimentos dos músculos que controlam os órgãos responsáveis pela produção dos sons da fal, diminuindo a inteligibilidade. Movimentos tornam-se mais lentos. Pausas excessivas, prolongamentos de sílabas.
Dificuldade para se comunicar – rigidez dos músculos da face e da laringe, falta de coordenação e redução dos movimentos dos músculos.
Dificuldade em executar ações seguidamente, mais devido ao problema motor/coordenação do que de compreensão.
A expressão facial encontra-se prejudicada, como se usasse uma máscara, interferindo na comunicação. Músculos enrijecem-se. Rosto perde a expressão, não se identificando se o portador está alegre ou triste. Olhar fixo, face rígida. Imóveis. Sentam-se e se mantém na mesma posição.
Alteração na compreensão. Dificuldade para retenção do que é lido ou ouvido. Diminuição da atenção, concentração e memória. Dificuldade em seguir a linha no texto.
Dificuldade para expressão do pensamento através da fala e/ou escrita.
Micrografia.
Quanto à alimentação verifica-se dificuldade no preparo oral do alimento (mastigação), acúmulo do mesmo na boca e na “garganta”, após a deglutição, causando risco de penetração laríngea e aspiração traqueal.
Escape de saliva e/ou alimento. Número de deglutições diminui, acúmulo de saliva na cavidade oral.
Secura, nó na garganta, podem ser efeito da medicação ou dificuldade de deglutição.
Dificuldade para mastigar e engolir – tosse e engasgos durante a refeição e/ou ingesta de líquidos.
Disfagia associada à bradicinesia e à rigidez. Tremores de língua, mandíbula, palato mole e laringe.
Dificuldade para mastigação – rigidez, bradicinesia, dificuldade para coordenação.
A Pneumonia aspirativa é muitas vezes a causa mais freqüente de óbito nos estágios avançados da Doença de Parkinson. (Buchhollz & Robbins, 1997 – Disfagias orofaríngeas)
Reabilitação:
Visa à otimização da coordenação pneumo-fono-articulatória, voz, fala, mastigação e deglutição.
É importante o reconhecimento precoce das alterações, para o início da abordagem terapêutica com maior probabilidade de sucesso.
Terapia é dirigida à fala e à voz, conseqüentemente à deglutição – mesmo arcabouço esquelético-muscular.
Técnicas terapêuticas:
Ø Auto massagem (rosto, pescoço e ombros)
Ø Expressões faciais
A expressão facial auxilia na transmissão da mensagem. Movimentos faciais devem ser executados para facilitar a articulação das palavras
· Elevar a testa
· Aproximar as sobrancelhas
· Enrugar o nariz
· Sorriso fechado
· Sorriso aberto
· Bico fechado
· Bico aberto
Expressão corporal também é fundamental para transmitir a mensagem.
Ø Exercícios articulatórios
· Articular melhor as palavras, falar mais devagar. Exagerar a articulações, principalmente das vogais, dará grande diferença, sabendo-se que todas as palavras da língua portuguesa possuem vogais.
· Exercícios diários articulando as vogais com e sem som (isoladas e associadas: eia / eu...)
· Abertura da boca e movimentação da língua
· Articular sons com movimentação da língua: la la
· Ler em voz alta – leitura falada - Leitura com sobrearticulação (manchetes de jornais)
· Falar rápido demais dificulta a articulação e a compreensão das palavras.
· Falar lentamente torna-se monótono e desinteressante.
· Importante um equilíbrio
Ø Exercícios respiratórios
· Falar de frente, cabeça erguida e costas retas
Postura ereta favorece à respiração que, conseqüentemente auxilia a comunicação.
Ø Exercícios fonatórios
No início pode exigir grande esforço e parecer que está gritando, pois o portador acostumou a se ouvir baixo. Ás vezes pode ter uma deficiência auditiva associada. As pessoas passarão a compreendê-lo melhor. Existem parkinsonianos que possuem bom tom de voz.
Beber água auxilia no bom funcionamento das PPVV – 2 litros/dia (relativo, pode ter restrição).
Ø Interpretação da leitura
Leitura silenciosa, tendo como objetivo a compreensão do conteúdo do que está sendo lido e não a fala.
Ø Cantar
Ø Rezar
Orientações:
· Dicas de alimentação (folheto de disfagia)
· Familiar não pedir que a todo o momento que repita o que falou e/ou fale mais alto, reclamando que a voz é baixa.
· Respeitar o tempo para o paciente executar as tarefas.
· Respeitar os hábitos do paciente – escrever / digitar / fazer cálculos mentais / tocar instrumento / costurar / desenhar / conversar
· Importante manter o interesse intelectual, realizar atividades que lhe agrade.
· Fazer a lista do supermercado / palavras cruzadas / ler manchetes de jornal
Observações:
Lee Sylverman (gravar vozes)/ lab. de voz (Zuleica/Sílvia – CEFAC)
ABP – Aconselhamento Fono 14h00 às 17h00
Alterações:
Ø Intensidade de voz diminuída (fraca intensidade vocal), trêmula e rouquidão. Voz rouca ou rouco-soprosa, tendendo às freqüências graves e com intensidade diminuída.
Ø Fala monótona, rápida, articulação imprecisa dos sons, pouco articulada (articulação de fala diminuída), disfluência – gagueira (alteração na velocidade/fluência da fala), dificuldade em articular e pronunciar os sons da fala.
Ø Alteração de fala e voz – disartrofonia.
Ø Mímica facial pobre
Ø Coordenação pneumo-fônica alterada.
Ø Dificuldade para mastigar e engolir os alimentos – engasgos, tosse e pigarros, perda de saliva, espessamento e acúmulo.
Ø Disfagia associada a bradicinesia e à rigidez. Tremores de língua, mandíbula, palato mole e laringe.
Ø Alterações em todas as fases da deglutição, com a progressão da doença.
Ø Dificuldade em transportar o alimento para a orofaringe, devido à rigidez e a bradicinesia, causando atraso no disparo da deglutição, comprometendo o sincronismo do processo.
Ø Tempo de refeição aumentado.
Ø Mobilidade reduzida das estruturas orofaríngeas, gerando acúmulo de resíduos de alimento em orofaringe (valécula e recessos piriformes), favorecendo a aspiração.
Ø Dificuldade para mastigação e deglutição – tosse e engasgos durante a refeição e/ou ingesta de líquidos. Sensação de alimento parado na garganta.
Ø Dificuldade com leitura e escrita / concentração e memória
Fonoaudiologia:
Ø Aumentar o volume (tom) da voz
Ø Articular com maior precisão os sons da fala
Conseqüentemente...passa a ser melhor compreendido pela família e amigos.
Ø Facilitar e adequar a deglutição
Ø Orientar familiares e cuidadores
Ø Atividades e exercícios que podem ser feitos em casa.