segunda-feira, 25 de abril de 2011

ATUAÇÃO DA FONOAUDIOLOGIA NA DOENÇA DE PARKINSON

Atuação da Fonoaudiologia na Doença de Parkinson

A Fonoaudiologia integra a equipe multidisciplinar que atua no atendimento dos portadores da Doença de Parkinson, no que se refere aos distúrbios da comunicação e na capacidade para alimentação, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida.

Atuação da Fonoaudiologia em nível de prevenção, orientação e reabilitação.

Favorece a identificação das dificuldades dos portadores relacionadas à comunicação e à alimentação, contribuindo para a melhora da comunicação oral -  expressão facial, articulação, entonação, qualidade e intensidade vocais, conscientização dos cuidados com a alimentação e realização de encaminhamentos para terapia individual, quando necessário.

As alterações motoras da DP afetam a fala, a voz e a deglutição.

  • Importante o trabalho de prevenção.
O quanto antes puder ser tratado melhor e mais duradouros são os resultados.
  • Trabalho em grupo – informação
  • Trabalho individual – terapêutico
  • A doença desenvolve-se diferente em cada indivíduo, o aparecimento dos sintomas também.
  • Por isso a importância da divulgação do trabalho multidisciplinar.
  • Portadores e familiares podem tomar conhecimento previamente e tomarem os cuidados necessários, exercitarem a musculatura, minimizando os efeitos da doença e melhorando a qualidade de vida.

As alterações motoras causadas pela Doença de Parkinson (tremor, rigidez e bradicinesia) podem levar a prejuízos na comunicação e na alimentação. A Fonoaudiologia atua nessas áreas.

O portador apresenta dificuldade na coordenação pneumo-fono-articulatória, ou seja, inspiração – produção da voz – fala, causando cansaço e falta de ar para falar, além de diminuição da intensidade vocal e alteração da qualidade vocal (voz áspera,  rouca, soprosa e trêmula).

A fala (disartria hipocinética / difere de dispraxia, onde não há problema de ordem muscular, dificuldade de seqüência de movimentos musculares necessários para a fala, afetando a articulação dos sons e a prosódia. Há substituições, omissões e distorções) é pouco articulada (movimentos limitados devido à rigidez), apresenta-se monótona, imprecisa, rápida e disfluente, devido à falta de coordenação e redução dos movimentos dos músculos que controlam os órgãos responsáveis pela produção dos sons da fal, diminuindo a inteligibilidade. Movimentos tornam-se mais lentos. Pausas excessivas, prolongamentos de sílabas.
Dificuldade para se comunicar – rigidez dos músculos da face e da laringe, falta de coordenação e redução dos movimentos dos músculos.

Dificuldade em executar ações seguidamente, mais devido ao problema motor/coordenação do que de compreensão.

A expressão facial encontra-se prejudicada, como se usasse uma máscara, interferindo na comunicação. Músculos enrijecem-se. Rosto perde a expressão, não se identificando se o portador está alegre ou triste. Olhar fixo, face rígida. Imóveis. Sentam-se e se mantém na mesma posição.

Alteração na compreensão. Dificuldade para retenção do que é lido ou ouvido. Diminuição da atenção, concentração e memória. Dificuldade em seguir a linha no texto.

Dificuldade para expressão do pensamento através da fala e/ou escrita.

Micrografia.

Quanto à alimentação verifica-se dificuldade no preparo oral do alimento (mastigação), acúmulo do mesmo na boca e na “garganta”, após a deglutição, causando risco de  penetração laríngea e aspiração traqueal.

Escape de saliva e/ou alimento. Número de deglutições diminui, acúmulo de saliva na cavidade oral.

Secura, nó na garganta, podem ser efeito da medicação ou dificuldade de deglutição.

Dificuldade para mastigar e engolir – tosse e engasgos durante a refeição e/ou ingesta de líquidos.

Disfagia associada à bradicinesia e à rigidez. Tremores de língua, mandíbula, palato mole e laringe.

Dificuldade para mastigação – rigidez, bradicinesia, dificuldade para coordenação.

A Pneumonia aspirativa é muitas vezes a causa mais freqüente de óbito nos estágios avançados da Doença de Parkinson. (Buchhollz & Robbins, 1997 – Disfagias orofaríngeas)

Reabilitação:

Visa à otimização da  coordenação pneumo-fono-articulatória,  voz,  fala,  mastigação e  deglutição.
É importante o reconhecimento precoce das alterações, para o início da abordagem terapêutica com maior probabilidade de sucesso.

Terapia é dirigida à fala e à voz, conseqüentemente à deglutição – mesmo arcabouço esquelético-muscular.

Técnicas terapêuticas:

Ø  Auto massagem (rosto, pescoço e ombros)

Ø  Expressões  faciais 
A expressão facial auxilia na transmissão da mensagem. Movimentos faciais devem ser executados para facilitar a articulação das palavras
·         Elevar a testa
·         Aproximar as sobrancelhas
·         Enrugar o nariz
·         Sorriso fechado
·         Sorriso aberto
·         Bico fechado
·         Bico aberto
Expressão corporal também é fundamental para transmitir a mensagem.

Ø  Exercícios articulatórios
·         Articular melhor as palavras, falar mais devagar. Exagerar a articulações, principalmente das vogais, dará grande diferença, sabendo-se que todas as palavras da língua portuguesa possuem vogais.
·         Exercícios diários articulando as vogais com e sem som (isoladas e associadas: eia / eu...)
·         Abertura da boca e movimentação da língua
·         Articular sons com movimentação da língua: la la
·         Ler em voz alta – leitura falada  - Leitura com sobrearticulação (manchetes de jornais)
·         Falar rápido demais dificulta a articulação e a compreensão das palavras.
·         Falar lentamente torna-se monótono e desinteressante.
·         Importante um equilíbrio

Ø  Exercícios respiratórios
·         Falar de frente, cabeça erguida e costas retas

Postura ereta favorece à respiração que, conseqüentemente auxilia a comunicação.

Ø  Exercícios fonatórios
No início pode exigir grande esforço e parecer que está gritando, pois o portador acostumou a se ouvir baixo. Ás vezes pode ter uma deficiência auditiva associada. As pessoas passarão a compreendê-lo melhor. Existem parkinsonianos que possuem bom tom de voz.
Beber água auxilia no bom funcionamento das PPVV – 2 litros/dia (relativo, pode ter restrição).

Ø  Interpretação da leitura
Leitura silenciosa, tendo como objetivo a compreensão do conteúdo do que está sendo lido e não a fala.

Ø  Cantar

Ø  Rezar

Orientações:

·         Dicas de alimentação (folheto de disfagia)

·         Familiar não pedir que a todo o momento que repita o que falou e/ou fale mais alto, reclamando que a voz é baixa.

·         Respeitar o tempo para o paciente executar as tarefas.

·         Respeitar os hábitos do paciente – escrever / digitar / fazer cálculos mentais / tocar instrumento / costurar / desenhar / conversar
·         Importante manter o interesse intelectual, realizar atividades que lhe agrade.

·         Fazer a lista do supermercado / palavras cruzadas / ler manchetes de jornal

Observações:

Lee Sylverman (gravar vozes)/ lab. de voz (Zuleica/Sílvia – CEFAC)
ABP – Aconselhamento Fono 14h00 às 17h00


Alterações:

Ø  Intensidade de voz diminuída (fraca intensidade vocal), trêmula e rouquidão. Voz rouca ou rouco-soprosa, tendendo às freqüências graves e com intensidade diminuída.

Ø  Fala monótona, rápida, articulação imprecisa dos sons, pouco articulada (articulação de fala diminuída), disfluência – gagueira (alteração na velocidade/fluência da fala), dificuldade em articular e pronunciar os sons da fala.

Ø  Alteração de fala e voz – disartrofonia.

Ø  Mímica facial pobre

Ø  Coordenação pneumo-fônica alterada.

Ø  Dificuldade para mastigar e engolir os alimentos – engasgos, tosse e pigarros, perda de saliva, espessamento e acúmulo.

Ø  Disfagia associada a bradicinesia e à rigidez. Tremores de língua, mandíbula, palato mole e laringe.

Ø  Alterações em todas as fases da deglutição, com a progressão da doença.

Ø  Dificuldade em transportar o alimento para a orofaringe, devido à rigidez e a bradicinesia, causando atraso no disparo da deglutição, comprometendo o sincronismo do processo.

Ø  Tempo de refeição aumentado.

Ø  Mobilidade reduzida das estruturas orofaríngeas, gerando acúmulo de resíduos de alimento em orofaringe (valécula e recessos piriformes), favorecendo a aspiração.

Ø  Dificuldade para mastigação e deglutição – tosse e engasgos durante a refeição e/ou ingesta de líquidos. Sensação de alimento parado na garganta.

Ø  Dificuldade com leitura e escrita / concentração e memória



Fonoaudiologia:

Ø  Aumentar o volume (tom) da voz

Ø  Articular com maior precisão os sons da fala

Conseqüentemente...passa a ser melhor compreendido pela família e amigos.

Ø  Facilitar e adequar a deglutição

Ø  Orientar familiares e cuidadores

Ø  Atividades e exercícios que podem ser feitos em casa.

HIGIENE ORAL

HIGIENE ORAL - Pacientes dependentes:


1.    Abrir a gaze e enrolar na espátula, segurando a extremidade.

2.    Embeber a gaze na solução anti-séptica e retirar o excesso.

3.    Passar raspando, seguindo o sentido póstero-anterior, na língua, vestíbulos/bochechas e palato, removendo placas.

4.    Trocar de gaze sempre antes de embebê-la novamente na solução anti-séptica.

5.    Escovar os dentes nas superfícies vestibulares, linguais e oclusais.

6.    Aspirar a cavidade oral e a orofaringe durante o procedimento.